No âmbito do programa educativo e cultural “De Famalicão para o Mundo”, em 2 de dezembro, um grupo de formandos e professores dos cursos de Educação e Formação de Adultos (EFA), de nível secundário, organizaram uma ida à Casa das Artes, em horário pós-laboral, para visionarem o filme/documentário “Viagem ao Sol”, com o objetivo de aprofundarem e solidificarem conhecimentos adquiridos em contexto formativo.
O filme parte de testemunhos de antigas crianças austríacas, enviadas no pós-guerra para Portugal, país poupado à Segunda Guerra Mundial, o qual estabelece múltiplas ressonâncias com a Europa atual, onde o espaço para o Outro se tem vindo a reduzir drasticamente, tal como se tem verificado na guerra da Ucrânia.
Na conversa com Ansgar Schaefer, um dos realizadores, destacou que “as pessoas reagem muito ao filme… As pessoas ficam afetadas pelo filme, pela história humana, e pelo seu eco atual”, já que esta atualidade ressoa na crise de refugiados da Síria, e que a guerra da Ucrânia veio trazer para cima da mesa de novo, e visionamos as mesmas imagens de destruição, o mesmo despotismo e as mesmas vítimas, ou seja, crianças a quem são negados quase todos os direitos.
Integrada na atividade integradora dos cursos EFA, cujo tema se centra nos “Direitos Humanos e a Proteção das Liberdades Civis dos Cidadãos”, teve como objetivo a atualização dos conteúdos programáticos das temáticas do Estado Novo e pós II Guerra Mundial – chegada de crianças austríacas pela Cáritas Portugal, bem como conhecerem a participação de Famalicão nesta iniciativa de ajuda humanitária internacional. Das, aproximadamente, 5000 crianças que foram acolhidas em Portugal, entre 1957 e 1958, cerca de 50 foram recebidas por várias famílias do concelho de Vila Nova de Famalicão, através da diocese de Braga, tendo sido acolhidas não só crianças da Áustria, como também da Alemanha e da França.
Para além da experiência social de “ir ao cinema”, cada um dos intervenientes levou reforçada a mensagem que o filme procura transmitir, a necessidade de paz para os mais vulneráveis, entre eles as crianças, poderem recuperar dos traumas da guerra, salvaguarda a memória e, ao mesmo tempo, propõe com subtileza uma educação para a solidariedade, cada vez mais necessária na atualidade. Tal como no passado, hoje vivemos um drama de dimensões semelhantes com os refugiados atuais, que aqui buscam refúgio, suscitando uma reflexão sobre os fenómenos de acolhimento e integração.
A Equipa EFA
